segunda-feira, 1 de junho de 2009

Os Bruzundangas




Os Bruzundangas
é uma obra literária de Lima Barreto na qual se retrata a Bruzundanga (um país imaginário localizado nas zonas tropical e subtropical) e que engloba uma coleção de crônicas que revelam sua sintonia com a realidade.
A nobreza da Bruzundanga era dividida em duas: a doutoral e a de palpite. A nobreza doutoral é aquela que se faz por meio de títulos (muito valorizados no país) e a de palpite é aquela onde a pessoa simplesmente se julga nobre, com base em parentescos não existentes de fato.
Dizem que o papel da política é fazer os povos felizes, na Bruzundanga não. O governo visa manter uma boa imagem do país para os estrangeiros, discriminando mulatos, por exemplo, e tentando camuflá-los.
A riqueza nesse curioso país é coisa de momento, durante alguns anos o país esbanja prosperidade, mas logo cai na miséria novamente.
Os bruzundanguenses importam-se mais com títulos do que com o aprendizado de fato. Com títulos as pessoas podem controlar a constituição, por exemplo. Nesta, as leis só são obedecidas se forem favoráveis ao nobre, do contrário cai em desuso.
Os mandachuvas (presidentes) manipulam o poder a seu favor. A crítica do autor estende-se também ao exército (força armada), à sociedade e ao processo das eleições. Os heróis (aqueles que, não importa como, levam o nome do país ao exterior), juntamente com os médicos (que nem sempre são qualificados para exercerem a profissão) também são criticados.
Apesar de se tratar de um país imaginário, a Bruzundanga assemelha-se em todos os aspectos ao Brasil daquela época.



O autor: Lima Barreto


Embora filho de pais humildes e mulatos, conseguiu, sob a proteção do Visconde de Ouro Preto, fazer curso secundário no Colégio Pedro II e ingressar no curso de Engenharia. Contudo, com a doença mental do pai, abandonou os estudos para trabalhar e garantir o sustento da família.
Os desgostos domésticos, a revolta contra o preconceito de cor de que foi vítima, somadas à vida economicamente difícil de pequeno funcionário da Secretaria de Guerra e colaborador da imprensa, às constantes crises de depressão e ao alcoolismo, fizeram de Lima Barreto um crítico social severo, às vezes panfletário.
O escritor também foi um dos poucos em nossa literatura que lutaram contra o preconceito em nossa literatura que lutaram contra o preconceito racial e a discriminação social do negro e mulato.
Em sua obra, encontram-se os episódios da insurreição antiflorianista, a campanha contra a febre amarela, a política de valorização do café, o governo do Marechal Hermes da Fonseca, a participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial, o advento do feminismo. Juntam-se a isso a paixão de Lima Barreto por sua cidade, o Rio de Janeiro, com seus subúrbios, sua gente pobre e seus dramas humildes, e a crítica a políticos da época, sarcasticamente retratados por sua mania de ostentação, pelo vazio intelectual e pela ganância.

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